Era uma vez um garoto invisivel. A todo lugar que ia, se modificava. Toda conversa que participava, se escravisava, como à um vicio. Não aparecia, não se via; à ele, nada servia. Se uma folha em branco pegava, nela se transformava. Ó garoto medonho, diziam? Não, ele não sabia, para ele nada ia, nada fazia. O garoto invisivel crescia e mais invisivel permanecia, quanto mais crescia; menos queria.
O garoto não era invisivel, seus pais diziam, mas ele disto não sabia. O nada é o que mais queria. O garoto invisivel assustava, nada queria, nada tinha, me assustava. Enquanto crescia, diminuia e diminuia, até que um dia não mais o via. O garoto invisivel um dia sumiu, mas logo reapareceu, pois lhe construi uma casa sob o eterno por-se-do-sol conforme ele sempre descrevia ao me despertar. O garoto invisivel reside aqui, quem sabe possa também residir por aí?